Há muito tempo atrás, quando eu ainda buscava informações para consolidar a pessoa que sou hoje, eu perguntei para um ídolo o que ele achava sobre a amizade. Ele me veio com o título desse post, e até hoje eu recorro a essa frase para explicar o delicado processo de relacionamento em uma amizade. É bem simples, na verdade: em uma amizade, você não é o único interessado. Portanto você também não deve ser o único a trabalhar para que essa amizade sobreviva.
Isso é muito importante para mim, pois sou problemático ao extremo com relacionamentos. Eu espero demais das pessoas, cobro demais, e quase sempre me desaponto com elas. Metade das pessoas que falam com você desejam apenas isso: falar. Não querem ser amigas. Não querem a responsabilidade. Elas delegam o direito de desaparecer da sua vida a qualquer instante. Essas eu descarto de imediato.
É na outra metade que os problemas aparecem. Eu já perdi algumas amizades antes de entrar na faculdade por não saber perdoar, e aprendi o quanto eu errava por isso. Desde então perdi uma amizade por conta de uma namorada ciumenta que fez a cabeça de um amigo hétero, abandonei outra para fugir de um grande problema emocional que me arrastava para o fundo, desisti de uma por ter sido traído, descartei outra por que o cidadão tinha o ego maior que o comprimento do Amazonas, deixei outra para trás quando as palavras "mas eu prefiro pensar em mim" foram ditas, e uma recentemente se tornou pó pelo simples motivo que o outro lado gostar costuma me criar confusões, seja contando meus segredos para cardumes de piranhas, ou mentindo e tentando destruir meu namoro. Há outras que foram embora pelo caminho pelo simples motivo do interesse mútuo ter definhado. Se alguém me perguntar o que aconteceu com estes, eu respondo como a Summer em "500 days with Summer": o que sempre acontece. A vida.
A verdade é que eu estimo demais os meus amigos. São as únicas pessoas cuja opinião me importa, e eu posso ser facilmente enganado por eles, pois para eles serem considerados amigos por mim significa que possuem minha inteira confiança. Daí eles costumam fazer merda e não se importar com isso. Eles acham que podem causar e não serem causados. Ledo engano.
Conheço um punhado de pessoas que dizem ser sua amiga e esperam que você aja como tal, mas que nunca o fazem eles próprios. Eles não te contam nada sobre a vida deles, como estão, com quem estão, onde, como ou quando estão. Mas deixe de comparecer a um único compromisso e eles ficarão chateados, pois eles são ocupados demais, sérios demais, insensíveis demais. Eles exigem sem existir. São cogumelos, diria o Pequeno Príncipe.
O mais irônico é quando eu tento avisar os meus amigos sobre como certas pessoas podem ser perigosas, e eles não me escutam. Não é difícil prever o comportamento das pessoas; basta olhar. Mas se há algo que eu aprendi é que as pessoas precisam sofrer por si próprias para aprender. Não adianta ver o outro ser machucado, é necessário se machucar também. Desde então eu apenas observo enquanto as pessoas fazem as escolhas erradas e provocam tristezas sobre si mesmas e sobre quem mais as amava. E você sabe que amadureceu quando resiste a tentação de dizer "eu te avisei", e ao invés se sente triste por não ter impedido de acontecer aquilo que você já sabia há meses que aconteceria cedo ou tarde.
Há aqueles que são imaturos, mesmo com seus 20 e poucos anos, mas "oh", diria alguém na platéia, "quem diabos é maturo aos 22 ou 23?" Eu sou. Maturo o suficiente para pensar antes de falar segredos dos outros, maturo o suficiente para saber que há consequências para cada pequena ação. Maturo o suficiente para abaixar minha cabeça e pedir desculpas. Aceitar que está errado. Eu mesmo estou errado em relação a uma porção de fatos e ando a procura de corrigir meus erros. Você pode dizer o mesmo?
Tem que cuidar, gente. A Raposa confidenciou a um Príncipe, há muito tempo, que você é eternamente responsável pelo que cativa. Que só se vê bem com o coração, pois o essencial não vem estampado na cara. Se você é amigo, você cuida, não destrói. Já há tantos para vir e destruir...
Mas os amigos vem e vão. Ainda é cedo para dizer que isso é tudo, o ano sequer terminou, mas ao computar o balanço atual de amizades perdidas, apagadas ou desistidas, e as ganhas... bem, posso dizer que valeu a pena. Principalmente ao ver para onde as amizades descartadas estão caminhando.
Nesses poucos e bons que eu guardo perto do meu coração, eu tenho certeza: o interesse é de ambos.
E não há nada mais confortante.
Um comentário:
"Os amigos vem e vão" - Uma grande verdade, entretanto, venho aprendendo como boas trocas podem ser feitas. :)
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